Rádio Pirata do Ar #31
Faltavam vinte minutos ou menos para a biblioteca fechar quando entraram, naquele silêncio todo, umas japonesas acompanhadas de máquinas fotográficas e de um tripé. Até aqui nada a assinalar a não ser a mais que previsível combinação de raparigas orientais com instrumentos de fixar sorrisos e restante paisagem. É sexta-feira e, àquela hora, já somos poucos a procurar os livros. Dez minutos depois, a voz do costume avisa-nos que temos de sair com brevidade e em definitivo para o fim-de-semana. Nessa altura começo a guardar o que é meu naquela que só provisoriamente é a minha mesa no meio da sala e, quando me preparo para encontrar a porta de saída, descubro que uma das japonesas está despida, despidíssima e deitada numa das prateleiras mais altas, acho que na secção de livros de arte (não posso garantir), enquanto as outras lhe apontam a objectiva e a incitam a mudar a posição dos braços.
Há prémios bons, de prestígio, sim senhora, mas a suprema ambição de um homem que carrega livros é ter (vem nos livros) uma japonesa nua deitada na última prateleira de uma biblioteca. É como receber o Nobel da Literatura, da Química, da Física, da Matemática (se existisse), da Economia e da Medicina ao mesmo tempo. Só Paz é que não traz nenhuma.
Daniel M.
Há prémios bons, de prestígio, sim senhora, mas a suprema ambição de um homem que carrega livros é ter (vem nos livros) uma japonesa nua deitada na última prateleira de uma biblioteca. É como receber o Nobel da Literatura, da Química, da Física, da Matemática (se existisse), da Economia e da Medicina ao mesmo tempo. Só Paz é que não traz nenhuma.
Daniel M.
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