O sono
Dormes sentado no avião. O teu esquecimento tem dez mil pés de altura. Em vez do mundo há rectângulos perfeitos lá em baixo, nos intervalos do mar, e as cidades são animais deitados. Tens a cabeça contra a janela e não será excessivo dizer que é do lado de fora que cumpres a viagem, apesar do corpo insistir em ficar preso à cadeira, com cinto e tudo, como um duplo que te disfarça a leveza. Hão-de acordar-te para o café e perguntas, oferecer-te a revista dos perfumes e dos Boeing em miniatura. Lembrar-te do chão, contra a tua vontade.
Entre as nuvens, o capitão assinala o início da turbulência mas ele não sabe do que fala. Ele sabe lá.
Entre as nuvens, o capitão assinala o início da turbulência mas ele não sabe do que fala. Ele sabe lá.
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