Os meios não justificam os fins
Ao que parece, Martin Amis terá decretado o fim da poesia, com obituário e tudo. O assunto não me podia desinteressar mais. Sempre que alguém assinala o fim de qualquer coisa (da História, do Cinema, do Pão-de-Ló) há logo quem concorde veementemente e exiba pedaços do cadáver como prova irrefutável do trágico desenlace e há quem, por outro lado, assegure que não, que tal coisa ainda vive e bem, que ainda ontem foram tomar um copo juntos, tendo até sido abordado, com ardor, o estimulante tema dos projectos para o futuro e discutidos os segredos do crédito bancário. Josephine Hart (quem és tu?) pertence a este último grupo e desancou no pobre do Martin Amis com um texto de meia página que não é grande espingarda. É a batalha do costume. No entanto, o artigo tem uma passagem de bom gosto, apesar do mérito da frase pertencer na totalidade a dois escritores, esses sim, indiscutivelmente mortos: «Auden [...] wrote that art is a way of breaking bread with the dead, an antidote to what GK Chesterton called the arrogant oligarchy of those who merely happen to be walking around»
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