Metade
Como tudo o que acontece, também isto poderia não ter acontecido mas o facto é que conheci uma vez uma rapariga que, por ser o assombroso resultado das cambalhotas de um homem britânico na cama de uma madrilena, era aquilo a que habitualmente se chama uma rapariga meio inglesa, meio espanhola. Enquanto eu conversava com a metade espanhola, a metade inglesa dedicava-se, resoluta, a trazer-nos cervejas. Era prático. Ora a metade inglesa não só cumpria a nobre tarefa de nos servir umas pints como também as pagava e isso, atendendo aos preços dos pubs londrinos, é muito mais belo que a Vénus de Milo. No entanto, para que pudesse transportar as cervejas do balcão até à nossa mesa - era inevitável - a metade inglesa levava sempre consigo os braços. Foi pena. A certa altura, ia jurar que a metade espanhola me quis abraçar.
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