History repeating
Não, a história não se repete, é apenas um pouco chata. Durante alguns anos tive uma vizinha que se repetia muito e sei que a história não é assim. A história pode doer quando volta mas não entra pela casa, às tantas da noite, para recontar as agruras dos filhos, soltando o verbo sempre pelos mesmos caminhos. Terá os seus defeitos, a história - a minha, a tua, a tua - mas não esse. Terá, por certo, uma sombra qualquer, aquele desastre na pele, uma verruga, um derrame às portas do coração, uma perna quebrada mas já não como dantes; e nem parecidos, agora que reparas. É outra sombra, outro desastre, outra verruga, outro derrame, é outra a perna quebrada. Se, por exemplo, eu encontrasse na rua a minha ex-vizinha, de um lado, e a história, do outro, saberia bem de qual delas me esquivar. A minha ex-vizinha repete as histórias mas a história (claro que pode doer quando volta) não repetirá, se deus quiser, a minha ex-vizinha (talvez a tua, a tua). No entanto, à cautela, estarei atento aos avanços nas técnicas de clonagem e ao congresso de Vilar de Perdizes.
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