Por um país melhor
O concerto dos dEUS no Teatro Sá da Bandeira - uma sala normalmente reservada ao diabo - para além de ter sido o melhor concerto de 2008, teve um momento que eu, com a preciosa ajuda da excelentíssima senhora internet, gostava de partilhar com vocês e assim iniciar a conversão deste país num território livre de palminhas. E o que são as palminhas? Para começar, apesar do irritante e justo diminutivo, as palminhas não são pequenas. Além disso, quase sempre parecem mais do que as mães, habitualmente ausentes dos lugares onde nascem, crescem e se reproduzem as palminhas (mas aos quais aflui, contudo, um número considerável de filhos da mãe). As palminhas acompanham a parte forte do tempo, não têm sincopas nem tercinas, nem swing, muito menos aquele jeito para rock'n'rollar. São quadradas como a cabeça que comanda as mãos. Moles e gelatinosas. Dão cabo dos nervos e da música, ao mesmo tempo. Sempre na parte forte do tempo, chiça.
Claro que para fazer de Portugal um país melhor, tive de recorrer, contra os meus princípios, a um vídeo gravado por um caramelo qualquer que, provavelmente, passou o concerto todo de braço no ar e com o ecrã plantado entre os meus olhos fundos e o palco. Enfim, o mundo não é perfeito. Mas vai ser, com a sua ajuda. Medite e divulgue (o uso da violência não é aconselhado mas serão toleradas todas as acções que resultem em fracturas do cúbito, rádio, pulso ou de falanges hiperactivas, desde que executadas com discrição e de forma a não comprometer o alinhamento do concerto). Depois trataremos do problema das câmaras de filmar.
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