When daddy comes home, you always start a fight, so the neighbours can dance in the police disco lights
Numa entrevista da TSF, perguntaram a Miguel Esteves Cardoso quais os escritores portugueses contemporâneos que ele mais admira. A resposta foi curta: Agustina Bessa-Luís. Só a Agustina? quis saber Carlos Vaz Marques. E já é muito bom - avisou o MEC - somos um país pequenino, haver um escritor excelente, neste pedaço de terra sem grande dimensão, já é magnífico (cito de memória, não me processem, por favor). Se a primeira resposta separou bem as águas (Agustina para um lado, resto de Portugal, incluindo Liedson, para o outro), a segunda serviu sobretudo para pôr água na fervura, mas apenas na dose certa, sem arrefecer em demasia a terna convicção de que habitamos um país de escritores. A mim, por exemplo, irrita-me esta mania pitchforkiana de descobrir bandas geniais em todos os vampire weekends ou nationals que dão à costa. Eu sei que é da natureza da pop um certo entusiasmo juvenil pelas coisas, mas vamos com calma. Ou então não vamos, ficamos de pantufas em casa, a ver passar tão belos os comboios. Não acho nada mal que se diga: «estes tipos são fabulosos, nunca ouvi nada assim», mas depois, aproximadamente uma semana depois, convém recuar: «afinal, são bons, sim senhora, mas gosto mais de pimentos padrón». Na última meia dúzia de anos surgiram alguns discos que, por certo, ainda vamos ouvir com prazer daqui a muito tempo, quando formos velhos desdentados; contudo, só nasceu uma banda verdadeiramente genial e, neste caso, de pais desconhecidos, sem família: os Arcade Fire. É pouco? Já não é nada mau. Até porque, não raras vezes, os Arcade Fire são melhores do que a Agustina Bessa-Luís.
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