Summertime (parte 2)
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Os óculos mais bizarros são os dela, de hastes prateadas e demasiado grandes para o rosto que escondem, mas bastava o cabelo ruivo para ser fácil encontrá-la, à distância, no meio de toda esta gente decidida a confundir-se entre dois mergulhos e conversas indistintas, sem princípio nem fim como convém a quem tem mais calor do que palavras.
Natacha é uma bela mulher mas não suficientemente bela para o saber e isso percebe-se nos gestos pouco treinados à sedução, avessos à vagarosa construção do mistério. Contudo, este detalhe quase nada importa agora porque afinal há um morto nesta história e é talvez deselegante deixar fugir as frases para os cabelos e mãos de uma mulher nestes breves segundos que antecedem o seu pedido, o vens comigo ao bar?, a pergunta suspensa até ao grito de alarme que fará o céu cinzento, juntando muitos em redor do corpo parado de Steve, um bom homem como todos os que desaparecem e desistem involutariamente do coração.
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Daniel M.
Os óculos mais bizarros são os dela, de hastes prateadas e demasiado grandes para o rosto que escondem, mas bastava o cabelo ruivo para ser fácil encontrá-la, à distância, no meio de toda esta gente decidida a confundir-se entre dois mergulhos e conversas indistintas, sem princípio nem fim como convém a quem tem mais calor do que palavras.
Natacha é uma bela mulher mas não suficientemente bela para o saber e isso percebe-se nos gestos pouco treinados à sedução, avessos à vagarosa construção do mistério. Contudo, este detalhe quase nada importa agora porque afinal há um morto nesta história e é talvez deselegante deixar fugir as frases para os cabelos e mãos de uma mulher nestes breves segundos que antecedem o seu pedido, o vens comigo ao bar?, a pergunta suspensa até ao grito de alarme que fará o céu cinzento, juntando muitos em redor do corpo parado de Steve, um bom homem como todos os que desaparecem e desistem involutariamente do coração.
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Daniel M.
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